Os regressos ao passado perturbam-me sempre.
Ontem apanhei o Saltos Altos do Almodovar num zapping desesperançado e dei por mim a debitar deixas de cor. Acho que já contei aqui que, graças à minha mãe, papei muito filme bom numa idade precoce. Não porque ela achasse que esses filmes deveriam fazer parte da minha formação clássica mas simplesmente porque estavamos ali em frente à televisão e os momentos mais complicados se podiam resolver com um "agora tapas os olhos". Enganou-se. Ontem vi com outros olhos a cara do Miguel Bose enterrada nas pernas da Victoria Abril, apesar de já na altura desconfiar que ele não andava à procura das chaves do carro. Ontem reparei nos olhares, li entre linhas e senti-me rendida à densidade de todas personagens. O que na altura me pareciam caricaturas ontem foi tão humano que mexeu comigo. E apesar de terem passado cerca de 20 anos, hoje acordei a cantar a canção que ontem me apercebi que sabia de uma ponta à outra. Já na altura me puxava as entranhas e me fazia sentir qualquer coisa que eu não sabia identificar. Agora acho que sei. Brilhante, brilhante, brilhante.
4 comentários:
Deixaste-me arrepiada!
;-)
Há uns tempos tive sensações semelhantes, ao rever o África Minha...
O melhor é a piada mais genial de todo o cinema, aquele 'minha filha, tens de começar a resolver os teus problemas com os homens de outra maneira'...
Que profundo Macaquinha... Eu amo esta música. Beijosss ;)
Enviar um comentário