serei a única

que não está farta do frio, das camisolas bem quentinhas, dos gorros e dos cachecóis farfalhudos, das manhãs cheias de sol e até de nevoeiro, do abatanado a ferver na pastelaria do costume, das meias por cima do pijama, do chá de gengibre e limão ao deitar, do aconchego do roupão, de não ter a roupa colada ao corpo nos transportes públicos, da vontade de cozinhar e comer comida de forno, nem que seja o bolo de iogurte da praxe ao fim de semana, das cores dos vernizes de Inverno, da lareira acesa, do bem que sabe um bom tinto quando precisamos de relaxar, da grande probabilidade da avó fazer cozido à portuguesa (e dizer, como sempre, que este é que vai ser o último que faz) e arroz doce, até da desculpa de ficar na ronha em casa ao fim-de-semana (sim, não vem mal ao mundo se não sairmos de casa todos os fins de semana com os miúdos e acho que às vezes eles até gostam do aconchego de brincar com aquele brinquedo de que até já se tinham esquecido e de estar com os pais, em ambiente caseiro, que é coisa rara), do poder terapêutico de um banho quente?