A minha mãe tem noventa e três anos, está cega, está surda, é um farrapinho que o menor sopro leva e, no entanto, lembra-se do peso com que os seis filhos nasceram, das peripécias de cada parto, dos primeiros dentes, do momento em que começaram a falar, a andar, (...) e dá-me a ideia que os considera, ainda hoje, como as crianças que foram, mascaradas de adultos. Ontem ao despedir-me dela, beijei-a e a reacção foi - Isso é maneira de se dar um beijo? seguida de - Um beijo como deve ser, se fazes favor
Cartilha maternal, crónica de Lobo Antunes na Visão de 5 de Maio
3 comentários:
Lindo!... ;')
também li é também achei lindo :))) vou copiar p o meu estaminé, vale? ;)
vale!!
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