ontem, antes do jantar, enquanto esperávamos que o pai chegasse a casa e fazíamos puzzles e construíamos torres com peças de Lego, o M. achou que era boa ideia começar a atirar as peças do puzzle e do Lego pela sala fora. E almofadas pelos ares! Quanto mais eu lhe dizia que não o fizesse, mais ele o fazia (claro!), em jeito de provocação. A coisa ganhou contornos tais (o M. raramente faz birras, mas quando faz...!) que, depois de desrespeitar o castigo (que consiste em sentar-se no sofá a pensar na vida, depois de pedir desculpa, coisa que não fez de imediato), de litros e litros de baba e de ranho, guinchos, esperneadelas, mãos levantadas contra mim que lhe valeram umas quantas palmadas no rabo (sim, eu dou palmadas!), acabou todo suado, a aninhar-se em mim e a pedir-me desculpa. Desculpei-o, mas expliquei-lhe que não ia ver televisão (nem Caricas) antes de ir para a cama, nem amanhã de manhã antes de ir para a escola e que tinha que apanhar tudo quanto havia atirado ao chão. Disse que não apanhava. Expliquei-lhe que assim o castigo teria que ser prolongado. Então, foi tentar fazer o puzzle com as poucas peças que tinham escapado à fúria e que continuavam em cima do sofá e, do nada, começou a cantar uma canção nova que aprendera nas escola: "é bom sorri/é bom dá gaças". Eu, que continuava sentada no sofá, como se um camião me tivesse passado por cima, sorri para dentro (porque por fora tinha que continuar a manter a imagem de mãe durona pelo menos até o pai chegar!) admirada e perguntei-lhe se sabia o que significa dar graças. Anuiu com um gesto de cabeça, enquanto eu lhe explicava que se tratava de agradecer pelas coisas boas que temos na nossa vida. Ele continuou a fazer o puzzle e começou a apanhar algumas das peças que estavam no chão e a surpreender-me com as novas aprendizagens... "Obigado Jesus, po podemos apender e bincá", assim de repente, a frase de uma penada só, naquela vozinha deliciosamente imperfeita. Eu, completamente espantada - estaria a ser alvo de uma manobra extremamente bem montada de manipulação!? Nã!!! -, e comovida (e agradecida) com o facto de os educadores mais presentes do M. (pais e escola) estarem em sintonia no que toca à escala de valores a transmitir-lhe. Quando o pai chegou a casa já não havia peças de brinquedos (nem almofadas!) espalhadas pelo chão da sala. Jantámos com a TV desligada e fomos deitar o M., não sem antes darmos graças, num exercício muito nosso que já praticamos há uns meses. Eu pergunto-lhe o que foi o melhor do dia dele. Invariavelmente, responde-me: "bincá". Invariavelmente, agradecemos essa brincadeira ao Jesus.
1 comentário:
Ternuuuura.....
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