Saber parar

Ontem, Justine Henin, a tenista que é o maior motivo de orgulho para os belgas (a seguir às batatas fritas) anunciou o fim da sua carreira aos 25 anos. Ganhou tudo o que havia para ganhar (nomeadamente uma medalha de ouro nos jogos olímpicos), jogou desde os 5 anos sempre perto da perfeição segundo os que percebem do assunto - o que não é o meu caso. Quando lhe perguntaram qual o motivo desta decisão, se não seria prematuro aos 25 anos abandonar uma carreira brilhante e promissora, "Juju", como lhe chamam por aqui lembrou a infância e a adolescência que lhe passaram ao lado, a mãe que perdeu pelo caminho, toda uma vida orientada para a perfeição. Agora decidiu que chega: o sonho está realizado, quer outra vida, sai agora com "um imenso orgulho". Nos projectos está a abertura de uma academia de ténis para formar profissionais no seu país e começar a viver a vida de uma jovem "normal".

E eu de olhar parado desde ontem quando a vi dar a notícia na televisão. A pensar em como é importante e difícil saber parar na altura certa. Parar, analisar, reflectir, decidir. Dar o salto. Ter a coragem de romper com o que nos é familiar e seguro e ir à procura do que realmente desejamos. Não consegui deixar de pensar em casos como o Herman José, herói de infância que punha a família a chorar a rir em frente à televisão e que agora... bom, não vale a pena ir por aqui pois não? Saber distinguir a preguiça e o medo de falhar da inteligência e da coragem. Onde é que acaba um e começa o outro? Boa sorte Juju, a malta está contigo.