sexta-feira, 19 de agosto de 2011

E filhos?

Nunca faço essa pergunta de circunstância. Nunca. É uma pergunta que não se faz a quem não se conhece bem e com que se não esteja a ter uma conversa de jeito.
É uma pergunta curta e aparentemente inocente que, quando não é respondida na positiva, na esmagadora maioria das vezes tem resposta curta, mas nunca uma resposta simples.

Ainda não. :S

Esta resposta vem com várias alternativas de subjacência, cada uma mais deprimente que a outra:
A - Ainda não porque "Pela milésima vez, não queremos! Ponham-me no Zoo, sim, sou um raio dum bicho raro, que ainda não quer ou não quer de todo que a Mãe Natureza se abata sobre mim e me faça parir pirralhos, mas quem é que neste mundo de deus não quer ter um filho assim que pode, oh alma penada?!
B - Ainda não por razões de ordem conjugal: "Ainda não porque não tenho um pai de jeito, ou pai de todo, ainda vou tendo algum discernimento, a nossa relação tem um calhau na engrenagem, obrigada pela lembrança."
C - Ainda não por razões subjectivas: "Ainda não porque andamos a tentar há meses, até o pino faço e mais parece que estamos debaixo de um bruxedo, sentimo-nos um falhanço da biologia, todo o bicho careta a parir e nós nada, f*ck you very much."
D - Ainda não por razões objectivas: "Ainda não porque somos uns loosers, é verdade, não temos dinheiro, não temos casa, não temos emprego, não podemos mandar cantar um cego, quanto mais multiplicar-nos. Obrigada pela preocupação."

Nunca presenciei um singelo "Ainda não" que não tivesse estampado na cara alguma das variantes supra. Perguntar não ofende, mas dói.

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