quinta-feira, 26 de abril de 2012

Miguel Portas (1958 -2012)

Faço-me valer do texto abaixo transcrito, roubado a este blog, para expressar o que me passou pela cabeça quando soube da morte do Miguel Portas:

Uma mulher rasga a própria carne para pôr um filho no mundo. É assim o parto. Dores que não lembramos com ele nos braços. Dores que passamos para dar vida. Dores naturais pela vida. É assim. Cortam-nos o cordão de carne, o outro, o invisível, nunca, e carregamos os filhos ao colo pela vida. É tão natural. Não é natural que a vida nos leve um filho. Não há mortes justas, talvez só consiga aceitar quando já muito velhos nos faltam as forças, o corpo falha e nos deixamos morrer. Na natureza é assim. Nenhuma mãe deveria sobreviver a um filho. Não é natural. Nenhuma mãe deveria ter partos ao contrário. Nenhuma mãe deveria voltar a rasgar a carne. Nenhuma mãe deveria ter os braços vazios. Dói tanto. Não é natural.  

Porque não deveria haver partos ao contrário. Porque na morte de um Homem penso sempre na mãe. Em si, Helena, a mãe.

2 comentários:

Melancia disse...

Curioso... fiz o meu post matinal, inicío a minha ronda de blogues e vejo que alguém pensou como eu e ficou com as mesmas palavras na cabeça!

Anónimo disse...

E a Ana do a vontade de regresso q tb escreveu tao bem esta dor...

Mgpc