Faço-me valer do texto abaixo transcrito, roubado a este blog, para expressar o que me passou pela cabeça quando soube da morte do Miguel Portas:
Uma mulher rasga a própria carne para
pôr um filho no mundo. É assim o parto. Dores que não lembramos com ele
nos braços. Dores que passamos para dar vida. Dores naturais pela vida. É
assim. Cortam-nos o cordão de carne, o outro, o invisível, nunca, e
carregamos os filhos ao colo pela vida. É tão natural. Não é natural que
a vida nos leve um filho. Não há mortes justas, talvez só consiga
aceitar quando já muito velhos nos faltam as forças, o corpo falha e nos
deixamos morrer. Na natureza é assim. Nenhuma mãe deveria sobreviver a
um filho. Não é natural. Nenhuma mãe deveria ter partos ao contrário.
Nenhuma mãe deveria voltar a rasgar a carne. Nenhuma mãe deveria ter os
braços vazios. Dói tanto. Não é natural.
Porque não deveria haver partos ao contrário. Porque na morte de um Homem penso sempre na mãe. Em si, Helena, a mãe.
2 comentários:
Curioso... fiz o meu post matinal, inicío a minha ronda de blogues e vejo que alguém pensou como eu e ficou com as mesmas palavras na cabeça!
E a Ana do a vontade de regresso q tb escreveu tao bem esta dor...
Mgpc
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