quarta-feira, 16 de julho de 2014

construindo memórias felizes

às vezes dou por mim a pensar se eu morresse desaparecesse agora, o que é que o meu filho iria recordar de mim? Tendo eu tão poucas memórias dessa idade (3 anos) este é um pensamento que me aflige... acho que é por isso que sou tão chata e digo que o adoro todos os dias, a todos os minutos, e lhe chamo meu amor amiúde, é por isso que lhe faço panquecas, que exijo sempre o meu beijinho de bom-dia ao acordar, que o deixo por da minha água de colónia de alfazema (as memórias olfativas são poderosas!), que exijo sempre o meu beijinho de boas-vindas quando regresso a casa, é por isso que pateticamente separo uma madeixa de cabelo que coloco em cima da boca e transformo num bigode para encarnar o guarda Serôdio enquanto falo com um xotaque esquejito, ou que o convido para irmos os dois tomar o pequeno-almoço à pastelaria antes de irmos para a escola, que sou capaz de vencer o frio quando ele me pede para eu dar mergulhos na piscina, que canto para ele adormecer, que tento responder a todas as infinitas perguntas que me faz, que lhe peço abraços, que lhe dou a mão e a aperto mesmo quando já atravessámos a estrada, é por isso que o empurro no baloiço durante uma tarde inteira até ficar maldisposta de tanto balanço para a frente e para trás, que faço conversa sobre tudo e sobre nada, que me delicio quando ele diz que a comida que eu fiz está muito boa, que me consumo de culpa quando grito ou me falta a paciência... É, é por isso.

5 comentários:

André disse...

Acho que as memórias já são algumas!! Mas faz lá o favor de não desaparecer tão já.... ;)

beijos

macaca grava-por-cima disse...

post lamechice do dia... sabes que quando se aproximam viagens longas o meu coraçãozinho de mãe fica assim meio lamechas e medricas... :D

Rita C´est ma vie disse...

Adorei!!!!!!!!! Ser Mãe é mesmo isso e ter medos também faz parte!

Joana disse...

O reencontro é tão, tão bom depois...

Ana disse...

Também penso nisso. Mais agora. Numa fase inicial, depois do Pedro nascer não temia o meu "desaparecimento" porque tinha deixado o melhor de mim aos outros. Hoje, quando penso nisso, só penso no Pedro e na Ana e em tanto mas tanto que ainda lhes tenho para dar na construção de memórias felizes. O tempo fez-me ambígua, eu sei...