Em
primeiro lugar, porque me apetece. Depois, porque neste blog não há temas-tabu.
Começo
por esclarecer que este post NÃO É um post publicitário, NEM TÃO-POUCO
É um ensaio científico baseado em evidência sobre a temática em questão. Diz
somente respeito à minha experiência pessoal e à opinião que tenho atualmente
sobre estas coisas da contraceção e afins. Assim sendo, é apenas uma tentativa
de desconstruir ideias pré-definidas, discutir conceitos que damos como
adquiridos e, se estimular em quem o ler, uma fome de informação, já cumpriu
99,9% do seu propósito.
É
que em questões de saúde (como em muitas outras) informação é poder! Não
esperem que os médicos vos informem, porque essa não é a função deles. Estes
profissionais estão formatados para tratar/curar/resolver e balizados por
apertados (e obviamente necessários!) protocolos de atuação que os impedem de
ter uma prática clínica mais individualizada. Acredito que muitos se sintam
frustrados com este sistema, mas o facto de estarem conscientes disso já é um chega-pra-lá no paternalismo que ainda
tende a grassar na classe (cada vez menor, thanks
god!). Isto para dizer que cabe a cada um de nós fazer as perguntas certas,
procurar informação em fontes credíveis… É nisto que reside o tão desejável
empoderamento de cada um de nós, enquanto cidadãos. No caso da saúde, com
ganhos adicionais no nosso status de
saúde e na nossa qualidade de vida.
Mas
voltemos ao tema sobre o qual hoje me debruço: planeamento familiar,
contraceção, saúde sexual e reprodutiva. Se há tema importante para o bem-estar
emocional e físico de uma mulher é este, minha gente!
Mesmo
entre amigas, falamos de tanta coisa (roupas, gajos, relações), mas nunca
abordamos estas questões a fundo. À maior parte de nós foi-nos “oferecida” uma
pílula ali pelos finais da adolescência, altura em que visitamos pela primeira
vez o ginecologista e tendemos a iniciar a vida sexual. Nem nos questionamos
sobre o porquê ou acerca de eventuais alternativas. É assim porque sim! Foi assim
comigo. Até ao dia em que parei de tomar a pílula, quase 10 anos após ter
começado. Motivo: querer ter filhos. Tão simplesmente isto. E foi aí que
começaram todos os porquês.
“Então
mas a libido afinal é isto?”, “Ui, que eu nunca tinha sentido isto antes… e que
bem que sabe”, “Até tenho algumas dores da ovulação, mas ao menos já me aturo a
mim mesma e livrei-me daquelas alterações de humor completamente intoleráveis”. Pois
é minhas amigas (e amigos, se é que ainda me estão a ler, que este post não é
só para meninas!), é triste ter vivido toda uma vida até aos 30 sem noção de como se comporta e é suposto naturalmente comportar o
meu próprio corpo (sem hormonas)”. Percebi, com uma clareza por demais evidente,
que sou uma pessoa com pílula e outra diferente sem pílula. “Domesticada” é a
palavra que melhor descreve como me sinto.
Ontem
– depois de mais cinco anos a tomar a pílula e a maldizer a minha vida
sobretudo devido à falta de lbido e ao humor descontrolado aos altos e baixos
(há inclusivamente estudos que relacionam a toma da pílula à depressão), de uma
segunda gravidez e de uns quantos meses passados novamente “domesticada” – pus
um ponto final nesta minha história com a contraceção hormonal oral (pelo menos
para já, que nestas coisas nem NUNCA, nem SEMPRE!). Depois de me informar com
diferentes profissionais, conversar com amigas, ler sobre as diferentes
alternativas e colocar as questões certas à minha ginecologista/obstetra,
decidi (Eu! Não a médica! A isto se chama decisão informada!) colocar um
dispositivo intrauterino (DIU) de cobre (que é um método barreira, ou seja, não
hormonal). Claro que, à semelhança de qualquer método contracetivo, o DIU de
cobre não é isento de efeitos adversos, sendo que o mais comum é o aumento das
hemorragias menstruais, segundo a médica. Vamos ver como corre… Posso garantir
que, no meu caso – volto a frisar que esta é a minha experiência pessoal! –,
não senti a mínima dor ou desconforto na colocação (e olhem que ia cheiinha de
medo!). Quanto a efeitos adversos, espero para ver, tendo sempre em mente o
comentário da médica ontem na consulta, aquando da colocação do DIU: “daqui a
uns tempos está cá para tirar esse e por o Mirena®”.
Isto
porque a médica acha que os fluxos menstruais anormalmente abundantes (que até
podem não vir a acontecer) terão impacto na minha qualidade de vida. A título
de esclarecimento, o Mirena®
é um DIU hormonal que equivale à pílula da amamentação (Cerazette®), pelo que inibe a ovulação e a menstruação. Tem como
efeito secundário mais comum o inchaço abdominal, mas os efeitos habitualmente
associados à contraceção hormonal oral são muito menores devido à via de
administração (o que também acontece com o anel e o adesivo, ambos hormonais).
Nota: A colocação do DIU não
está indicada para quem nunca esteve grávida, pariu ou foi mãe. O único método
barreira, nesse caso, continua a ser o preservativo (masculino ou feminino).
Espero
que esta minha partilha (reafirmo, PESSOAL!) vos inspire a “empoderarem-se”
neste ou noutro sentido, aliás, no sentido que fizer mais sentido (passo o
pleonasmo) para vós!
Eu
consegui que uma ginecologista/obstetra me dissesse, com todas as letras, que
na fase da vida em que me encontro as hormonas associadas à contraceção não me
conferem qualquer benefício em termos de saúde. Acreditem que isto é
revolucionário! Para mim, já é uma vitória (embora isto não seja uma guerra,
atenção!). Mas, acredito que é assim que se mudam mentalidades e se vão desconstruindo “verdades”
instituídas!
Sejam
responsáveis por vocês, porque mais ninguém o vai ser. Informem-se. Conversem. Partilhem. Cuidem-se. Porque (ainda!)
somos nós que mandamos no nosso corpo.
(o marketing e imagem do DIU ultrapassa-me, confesso... não consigo decidir se é bom ou se é mau)