sexta-feira, 11 de julho de 2008

Papadas


Na última das cada vez mais recorrentes e interessantíssimas reuniões de trabalho que tenho tido, a dada altura a concentração estava a um nível tal que comecei a ouvir as vozes cada vez mais distantes até centrar todas as minhas atenções no aspecto físico dos meus colegas reunidos à volta daquela mesa. Não sei se pelo tom de voz muitos decibeis acima do normal, pelo comportamento associal ou pelo pouco sumo do conversa comecei a associar cada um deles a animais. E começou a estabelecer-se um padrão: aquela parece uma galinha, aquele um galo, aquela uma franganita, aquele um perú... e o que é que todos estes seres têm em comum, além das penas e do aspecto patético?? Um "papo", vulgo "papada". Reparei consternada que eu era a única à volta daquela mesa que não tinha papo! Homens, mulheres, jovens, velhos! Todos tinham a sua bela papada, que deve ser onde acumulam as coisas simpáticas que têm para dizer (e deve ser lá também que ficam presas, não conseguindo sair espontaneamente).

Pus-me a pensar não na diferença entre "apelar" e "instar" ou entre "carta" e "ofício" mas sim no provável destino que me espera. Uma papada. Desde esse dia cada vez que me cruzo com um colega no corredor começo instintivamente a exercitar os músculos do pescoço, qual peixe balão com inimigo à vista.

2 comentários:

macaca grava-por-cima disse...

Ter ou não ter papada? Eis a questão... (E depois há a versão shakespeariana: "ser ou não ser"...

A Directora T. disse...

Eu tenho papada.
Eu odeio a minha papada.
Eu odeio fotos em que fico com a papada.
Eu quero tirar a minha papada.
Sorte a tua que não tens papada.
:(()