Xutos, sempre.

Todos nós temos uma fase da nossa vida da qual não nos orgulhamos propriamente. Não é bem não orgulhar, é simplesmente preferir guardá-la só para nós. Isto para dizer que assumo e autoflagelo-me já aqui por todo o kitsch deste post.

A minha fase vergonhabilis foi por volta dos 15 anos, quando andava a calcorrear o país com a Mosqueduda numa de groupies dos Xutos. Ah pois é bebé: Lisboa, Santa Comba Dão, Cabanas do Chão, Seixal ou que raio era aquilo, não deixavamos escapar uma. Teriamos ido ao fim do mundo, não fosse a mão firme dos respectivos progenitores. Era ver o sangue a subir-me à cabeça quando o meu pai dizia "Mas quem é que terá dito a este tipo que ele sabia cantar??", já verde de ouvir as mesmas musicas over and over again. Mas muito pouco nos travou...Até ficámos amigos deles. Ou quase. Estão a ver a cruzinha que o Kalú tinha sempre pendurada na argola? Fomos nós que oferecemos. Sabiamos as letras de trás para a frente, saltavamos mais do que os outros todos juntos nos concertos, eramos sócias do clube de fãs, falavamos deles como se fossem família. Foram um bocadinho da minha adolescência e posso dizer que foi um bocadinho dos bons.

Por todas estas razões, a notícia deixou-me um bocadinho triste também. Morreu hoje a agente dos Xutos e Pontapés.Lembro-me de quando a vi a primeira vez na sede dos Xutos e de ter pensado "Que inveja, está o dia todo com eles..." Para onde quer que vá deixa história naquela que será sempre a melhor banda portuguesa. "Xutos sempre".