segunda-feira, 9 de julho de 2007

Cinzas de Ângela


As Cinzas de Ângela



(Nós na verdade não lemos estes livros, é uma especie de manta de retalhos de várias recensões que lemos por aí e depois esparrachamos aqui para dar uma onda de intelectualzinhas. Este tinha uma capa girinha, então foi o eleito do dia.)



É uma espécie de autobiografia de Frank McCourt, dos 3 aos 20 anos. Ou seja, uma autobiografiazinha. Conta o calvário de uma família de irlandeses durante a Grande Depressão, num cenário de pobreza extrema, desemprego, fome, alcoolismo, inexistência de métodos de controlo de natalidade, tudo pelos olhos e palavras do próprio Frank. A forma como consegue fazer-nos rir com situações de decadência e desespero absoluto é desconcertante. Confesso que houve momentos em que já não aguentava ler mais uma linha sobre criancinhas a morrer à fome, por isso tive de ir fazendo umas pausas - 500 páginas de desgraça é muita desgraça. Houve dias em que o jantar me caía mal porque a sensação de fome crónica dos miúdos já se tinha instalado no meu estômago e olhar para um prato cheio de comida era muitas vezes cruel. E se houve coisa que me prendeu nesses momentos e me fez voltar ao livro foi pensar "mas espera lá, se eles escreveu o livro é sinal que conseguiu dar a volta a isto..." Mas como é que pode haver esperança no meio de tanta miséria? O busílis da questão era pensar que aquela família existiu e como ela tantas outras que sofreram horrores. E que apesar do cenário mudar um bocadinho, continua a haver pessoas que vivem assim, sem nada a não ser o espírito de sobrevivência.

Correndo o risco de cair na lamechice, às vezes é bom sermos confrontados com a verdadeira infelicidade e miséria para relativizar um bocadinho a nossa existência. A verdade é que enquanto há vida há esperança e é isso que nos faz continuar.

Vale a pena ler o original em inglês porque os trocadilhos que fazem com as pronúnicas americana, inglesa e irlandesa são geniais.

Ah, e diz que há uma adaptação para filme com a Emily Watson que também não é nada mau, depois conto....

3 comentários:

macaca grava-por-cima disse...

Lá tá ela com a mania que é tradutora e que até percebe de inglês ;-)

Anónimo disse...

Ah e tal diz que os trocadilhos são muito giros...se tradutora é croma imaginem quando se transformar em intérprete...Baidosa!!!!!

Anónimo disse...

"Correndo o risco de cair na lamechice, às vezes é bom sermos confrontados com a verdadeira infelicidade e miséria para relativizar um bocadinho a nossa existência. " - não tenho a mínima dúvida.