terça-feira, 13 de março de 2007

Embriagado, nú e com objectos sadomasoquistas

Embaixador israelita em El Salvador encontrado embriagado, nú e com objectos sado masoquistas

"El embajador de Israel en El Salvador, Tzuriel Rafael, se ha visto obligado a regresar a su país después de que el vigilante de su residencia le sorprendiera, hace dos semanas y en el jardín trasero de la casa, desnudo, bebido, con las manos atadas, una pelota de goma en la boca y con varios objetos sadomasoquistas, según han informado hoy diversos medios locales y ha confirmado el Ministerio de Asuntos Exteriores israelí. Su portavoz, Zehavit Ben-Hillel, ha anunciado que Rafael ha sido relevado de su cargo."

ELPAIS.com , 12.03.07


Há cerca de uma semana tive uma discussão interessante sobre a conduta das figuras públicas, ou com cargos de destaque, na sua vida privada. Veio a propósito do nosso amigo Barroso e da sua mais recente batalha: as alterações climáticas e a imposição de limites de emissões de CO2. Enquanto se debatia esta questão na Comissão Europeia, um jornalista achou-se no direito de o questionar sobre o seu Touareg que, por acaso, está incluído na categoria dos bólides mais poluentes que por aí rolam. A resposta do sr. presidente saiu um pouco irritadinha, censurando a pergunta do jornalista e alertando para o perigo de começarmos a apontar o dedo uns aos outros sobre os hábitos da nossa vida privada, sejam eles automobilísticos, alimentares ou sexuais.

Alguém que apela incessantemente aos sacrifícios da população mundial no sentido da redução das emissões, que trabalha para a adopção de legislação nesse domínio tem o direito de conduzir um Touareg? E o jornalista? Tem o direito de trazer a vida pessoal do presidente da Comissão Europeia para um debate público? Onde estão os limites?

Podemos condenar aqueles que fumam enquanto gerem milhões em campanhas de sensibilização para reduzir o consumo de tabaco?

E por último, o caso do embaixador israelita. Gostava de brincadeira, o malandro. Estava em casa dele. Que direito tem a imprensa de divulgar o que se passa na sua intimidade?
Dá pano para mangas. É hipócrita dizer que esta história não afecta a credibilidade do embaixador. Quem é que vai conseguir voltar a olhar para ele sem o imaginar nú, bebado, com uma bola de borracha na boca? Essa imagem é compatível com a seriedade das funções que lhe foram atribuídas? Não. Se a história não fosse divulgada ele não continuaria a desempenhar as suas funções como sempre?

Mas o mais polémico parece-me mesmo o caso do Touareg. O presidente da Comissão Europeia não é só mais um funcionário das instituições que é pago para manter a máquina a funcionar. É uma imagem, um símbolo, deve representar todo um ideal associado à UE. Ninguém lhe pede que seja um santo, mas há um bom senso que tem de partir dele, precisamente por não existirem regras escritas sobre estas questões. A partir do momento em que assume funções tem mais obrigações do que o seu horário das 9h às 17h (que ao que parece vai muito além disso). Não pode ser a voz de uma luta com esta dimensão e ir para casa num Touareg. Há uma dimensão moral que não pode ser ignorada. It comes with the package, honey.

3 comentários:

macaca grava-por-cima disse...

O eterno dilema das públicas virtudes versus vícios privados...

Mosqueteca disse...

Macaquinha, acho que tens toda a razão.
O limite é difícil de traçar.

O embaixador teve azar e agora ninguém consegue descolar da cena à pulp fiction. Mas isso não lhe afecta o desempenho. Não lhe afectava as funções que exercia.

Agora, andar de jipão e dizer que poluir é errado, já me parece mais grave.

Pregar a cartilha e não a seguir é muito mais preocupante. Já que tem poder de compra, podia optar por um mega-híbrido, que, infelizmente, ainda são caros como a merda.

Até a Cameron Diaz é mais convincente que o Durão na corrida pela ecologia. Chega aos Óscares num destes!

André disse...

Acho injusto o que estão a fazer ao embaixador!! Não terá ele, na intimidade de sua casa, liberdade para se exprimir como bem entender? Se ele gosta de levar umas chicoteadas e no dia seguinte cumpre, e bem, as suas funções.....não vejo problema!! Se formos pegar por aí....despedíamos os nossos chefes gays??

Quanto ao porco do Durão, dedico-lhe um grafitti que se enontra no elevador da Glória, ao bairro alto: "Quem tá anestesiado não estrabucha!!"